CÉU

ceu

sinto que este teto
(espaço infinito no qual se movem os astros)
pesa sobre todos
falta-nos: perspicácia
todos os homens são sutis
plantam nuvens e colhem chuva
plantam sonhos e colhem ilusão
a sutileza não é dádiva terrena
ideal seria caminharmos juntos
mãos atadas, peitos estufados
o azul predomina
não sei o motivo da delicadeza da cor
talvez seja a forma que preenche meus olhos
e todos esses castelos lá fora
talvez exagero
um buquê de jardins
suspensos da babilônia
talvez a forma curva do jardim
lembro do trajeto do vento
costeando as folhas
arrancando as casas do chão
talvez seja o chão
ou a substância magnética de um beijo
a curva é uma boa aposta
o leito em que pousa o corpo
sinto que faltam pilares
verbos conjugados em alta tensão
uma xícara de fel
hábitos tão pesados quanto
(espaço infinito no qual se movem os astros)
ou esse abraço que me esmaga

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